Como o X (antigo Twitter) burlou o bloqueio no Brasil com "magia" da T.I

X (antigo Twitter) está acessível aos brasileiros, e a técnica usada foi de certa forma simples.

A plataforma sob o comando de Elon Musk conseguiu contornar o bloqueio de forma estratégica, utilizando tecnologias como proxy reverso. Neste artigo, vamos explorar como o X burlou o bloqueio, usando a Cloudflare e técnicas de gerenciamento de IPs.

Entendendo o Bloqueio de Acesso

O bloqueio de sites geralmente é feito a partir do bloqueio de IPs (endereços de internet) associados ao domínio do serviço. Quando um governo ou provedor de internet (ISP) implementa essa restrição, o objetivo é evitar que usuários do país acessem o conteúdo da plataforma bloqueada, restringindo o tráfego para os IPs específicos do site.

Em um cenário de bloqueio no Brasil, isso significa que os provedores de internet barrariam o acesso ao domínio x.com, bloqueando os IPs ligados a ele.

A Estratégia de Reversão do Bloqueio com Proxy Reverso

Um proxy reverso é uma técnica comum para melhorar a performance e segurança de um site. No entanto, nesse caso, foi usado como uma ferramenta para mascarar a localização real dos servidores da plataforma e, assim, contornar o bloqueio.

A maneira mais simples de entender um proxy reverso é imaginar que ele atua como um intermediário entre o usuário e o servidor real do site. Ao invés de o usuário se conectar diretamente ao servidor do X, ele se conecta a um servidor intermediário, que então encaminha a solicitação ao servidor final e devolve a resposta ao usuário.

Ao usar um proxy reverso, como o fornecido pela Cloudflare, a plataforma X conseguiu:

• Mascarar o IP real do servidor de origem: O IP original do servidor do X não é exposto diretamente ao usuário ou aos ISPs brasileiros. Em vez disso, o tráfego é roteado por meio dos servidores da Cloudflare, que fornecem novos IPs.

• Distribuir o tráfego por diferentes regiões e IPs: A Cloudflare possui servidores em diversos países, o que permite que o tráfego seja distribuído globalmente. Isso torna o bloqueio mais difícil, já que a plataforma pode mudar o IP associado ao domínio sem interromper o serviço para os usuários.

• Alterar o domínio IP dinamicamente: Com a capacidade de mudar os IPs rapidamente, o X consegue contornar as tentativas de bloqueio. Quando um ISP bloqueia um IP, a Cloudflare pode rapidamente associar o domínio a outro IP disponível, dificultando a imposição do bloqueio.

  
  

O Papel da Cloudflare

A Cloudflare é uma das maiores empresas de gerenciamento de tráfego web e segurança online, oferecendo serviços de proxy reverso, CDN (Content Delivery Network) e proteção contra ataques DDoS. Ao usar a Cloudflare, o X conseguiu manter sua disponibilidade no Brasil, mesmo com o bloqueio inicial, por meio de:

• Proteção por proxy reverso: O tráfego dos usuários no Brasil passou a ser roteado por servidores da Cloudflare, o que tornou difícil identificar o servidor de origem.

• Roteamento Inteligente: A Cloudflare usa uma técnica chamada Anycast, que direciona os usuários para o servidor mais próximo geograficamente. Com isso, mesmo que os IPs associados ao Brasil fossem bloqueados, a plataforma poderia roteá-los por servidores em países vizinhos.

  
  

Impactos

Ao usar um proxy reverso, o X essencialmente transformou o bloqueio de IPs em um desafio mais complexo. Como a plataforma pode mudar rapidamente o IP associado ao domínio, os ISPs brasileiros teriam que monitorar e atualizar suas listas de bloqueio de forma constante, o que é impraticável.

Além disso, a Cloudflare possui uma infraestrutura robusta que torna o bloqueio de um único site extremamente difícil, dado que milhões de outros sites utilizam seus serviços. Bloquear todos os IPs da Cloudflare seria equivalente a bloquear uma grande parte da internet.

O uso de um proxy reverso, como o fornecido pela Cloudflare, é uma estratégia eficaz para contornar bloqueios baseados em IPs. Ao alterar dinamicamente o IP do servidor de origem e mascarar o tráfego, o X conseguiu manter sua operação no Brasil mesmo após o bloqueio.

Essa abordagem ilustra como plataformas globais podem usar ferramentas de gerenciamento de tráfego e segurança para lidar com restrições governamentais, enquanto continuam oferecendo acesso aos seus serviços. Essa técnica levanta debates importantes sobre a eficácia de bloqueios e o controle sobre a internet em um cenário global.