Muitos acham que a Grécia era um antro de homossexuais.
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Bom, eu tinha prometido isso para amanhã, mas como muitos curtidores pediram, corri para fazer ainda hoje e reunir os textos, citações e recortes de artigos sobre o tema que eu tinha aqui (Então, este texto não é inteiramente meu, mas mais uma colagem e exposição de informações que eu tinha salvo há um tempo, editadas de forma dinâmica e didática). Então, vamos lá.
Antes de mais nada, quero alertar para o fato de que quase todos os autores que afirmaram que a homossexualidade era algo normal na Grécia Antiga eram *malakois*. Ou seja, os caras estavam enviesados, sim ou claro?
Falamos, por exemplo, de autores como Walter Pater, Michel Foucault, John J. Winkler, John Boswell, Kenneth James Dover e David M. Halperin, que, aparentemente, distorceram a história grega para sua conveniência. O pioneiro dessa distorção foi precisamente Walter Pater (1839-1894), professor em Oxford.
Foi ele quem criou a falácia de que o Amor Platônico não estava relacionado à psique (alma), mas sim ao sexo carnal. Daí, ele pegou todas as relações de amor fraterno e transcendental entre heróis gregos e as distorceu segundo essa falácia, transformando-as em relações homossexuais.
Mas antes de continuar, preciso falar de um conceito fundamental para toda essa análise (que, inclusive, acabei de citar no parágrafo anterior): O AMOR PLATÔNICO.
O amor platônico é qualquer tipo de relação afetuosa ou idealizada em que se abstrai (elimina) o elemento sexual. Pode ocorrer entre vários gêneros, como no caso de uma amizade pura entre duas pessoas. Para Platão, no mundo das ideias, existia uma versão perfeita de cada "coisa", "conceito" ou "objeto" que há no plano terreno. O amor platônico, portanto, seria um amor puro, perfeito, desinteressado. Não um amor onde se espera sexo (ou qualquer tipo de satisfação) em troca do afeto.
Além disso, quero deixar claro que NÃO ESTOU AFIRMANDO QUE NÃO HAVIA HOMOSSEXUAIS NA GRÉCIA! O que estou dizendo é que essa prática não era amplamente aceita e, inclusive, havia leis para puní-la.
Para começar, vou citar uma fábula de Esopo:
Quando Zeus criou os humanos e as características de suas almas, ele as colocou em todas as partes do corpo humano. Contudo, ele deixou a VERGONHA (Aedos) de fora. Sem saber onde colocá-la, ele ordenou que fosse inserida no ânus. A Vergonha reclamou e ficou muito irritada, dizendo: "Eu concordo em ser inserida dessa forma, mas se qualquer coisa for inserida depois de mim, eu sairei."
As fábulas eram narrativas com lições de moral. Com base nessa, é possível deduzir que, para os gregos, o sexo anal simbolizava a ausência de pudor. Essa violação contra o pudor era uma ofensa à deusa *Aedos* (deusa do pudor e da vergonha), que então traria sua irmã Nêmesis para punir o "pecador" de alguma forma.
Agora, vamos às leis:
Em "Contra Timarco" (21), o orador Ésquines (389-314 AEC) menciona as famosas leis de Sólon, entre as quais se destaca:
"Se algum ateniense tiver um companheiro do mesmo sexo, não será permitido que ele se torne um dos nove arcontes; nem trabalhar como sacerdote ou magistrado, ou ocupar qualquer cargo público, nem no país nem no estrangeiro, seja por sorteio ou eleição; ele não será enviado como arauto; não participará de debates, nem estará presente em sacrifícios públicos; e ele não poderá entrar nos limites de um lugar purificado para a congregação do povo. Se qualquer homem for acusado de atividades sexuais ilegais, como as descritas, deverá ser executado."
Demóstenes (384-322 AEC), um político e orador ateniense, menciona uma medida semelhante em "Contra Androção" (30), quando especifica que aqueles que praticam sodomia "não terão o direito de falar em público, tampouco apresentar um caso perante um tribunal".
O filósofo Platão, um dos pilares da cultura ocidental, no diálogo "Leis", afirma:
"Quando o macho se une à fêmea para a procriação, o prazer experimentado é considerado natural; porém, contrário à natureza é quando o macho se une ao macho ou a fêmea à fêmea, sendo que os primeiros responsáveis por tais perversidades foram impelidos pelo domínio que o prazer exercia sobre eles." (Livro I, 636c)
Mais adiante, no mesmo diálogo, Platão sugere duas possíveis legislações para as relações sexuais:
"Poderíamos impor uma de duas alternativas: ou ninguém ousará tocar uma pessoa nobre e livre, exceto sua esposa, nem lançar sua semente em mulheres adúlteras, gerando filhos ilegítimos, nem desperdiçar seu sêmen na sodomia; ou então deveríamos abolir inteiramente as relações com o sexo masculino." (Livro VIII, 841ce)
No "Fedro", Platão também comenta como os homossexuais temiam ser descobertos:
"Suponhamos que, em face das convenções, temem que sua conduta seja divulgada, tornando-os alvos de críticas e intrigas." (232)
Se existiam leis contra a homossexualidade e seus praticantes temiam ser revelados, é óbvio que essa prática não era bem vista pela sociedade grega, ao contrário do que alguns querem pintar por aí.
"ESPARTA"
"As regras relativas aos prazeres em Esparta me parecem as melhores do mundo." ― (Megilo, em "Leis" de Platão, trecho 637a)
Xenofonte, outro grande discípulo de Sócrates, escreveu sobre a relação entre professor e aluno em Esparta:
"Os costumes instituídos por Licurgo eram opostos aos de outros Estados gregos. Se um homem admirasse a alma de um rapaz, o tutelava, pois acreditava na excelência desse treinamento. Mas, se ficava claro que a admiração era pela beleza exterior do rapaz, a relação era proibida como abominação, purgando-a de toda impureza, de modo que se assemelhava ao amor paterno e fraternal." ― ("Constituição dos Lacedemônios", II).
Portanto, a relação entre professor e aluno em Esparta era baseada em respeito e admiração, um treinamento. Contestam sobre o amor entre professor e aluno, mas sempre foi claro que esse amor era casto. Já o romano Cláudio Eliano escreveu que, se dois homens espartanos "sucumbissem à tentação e permitissem relações carnais, deviam redimir a afronta em honra de Esparta, se exilando ou acabando com a própria vida." Isso significa que a pena pela homossexualidade em Esparta era a morte ou o exílio (considerado naquela época pior que a morte).
Apesar disso, os lacradores distorcem esses conceitos, enxergando homossexualidade onde só havia amizade, camaradagem e, sim, amor, mas não amor carnal, e sim AMOR FRATERNAL.
"MAS E AQUILES E PÁTROCLO?"
Aquiles e Pátroclo são talvez o suposto par homossexual mais famoso do mundo grego.
Bem, o mais sensato é verificar as fontes originais. E qual a melhor fonte senão a "Ilíada" de Homero? Vamos analisar o Canto IX:
"Deita-se Aquiles no fundo da tenda, com uma moça ao lado, que havia trazido de Lesbos, filha do grande Forbante, a Diomeda de faces rosadas. Pátroclo, no lado oposto, também se deitou tendo ao lado outra moça, a Ífis de bela cintura, que Aquiles lhe trouxe quando saqueara a Esquiro, cidade de Ênio. (657-668)."
Se Aquiles e Pátroclo eram amantes, por que dormiam em lados opostos da tenda, cada um com uma mulher? Eles não deveriam dormir juntos? Onde está a menção de "amor" entre eles como algo sexual? O que vemos é uma intensa amizade ou amor platônico entre irmãos de armas!
Sem mencionar que o comportamento de Aquiles em toda a saga de Troia é de um "macho alfa". Ele se orgulha de devastar e saquear cidades, matar inúmeros homens e escravizar mulheres. Ele fica furioso quando Agamenon captura Briseis, sua escrava favorita. Além disso, quando os aqueus tentaram convencer Aquiles a voltar à batalha, não o tentaram com jovens garotos (o que seria normal para um homem que "se casa para procriar, mas se envolve com homens", como alguns reivindicam), mas com uma infinidade de belas escravas, virgens e "talentosas na arte do prazer", além de outras recompensas.
MAS E ZEUS E GANÍMEDES?"
Ganímedes era um príncipe troiano que, recém-saído da adolescência, vivia um estágio transitório de caçador-coletor em um ambiente selvagem, o que era bastante comum na Grécia tradicional (Esparta também tinha esse costume) como um rito de passagem para marcar a chegada da masculinidade. Impressionado com seu porte, Zeus se transforma em uma águia e o sequestra no Monte Ida, levando-o ao Olimpo para ser copeiro dos deuses.
O que significa "copeiro"? Copeiro, como o próprio nome indica, é aquele que serve as copas. Realmente, os deuses e deusas procuravam o "garçom" mais bonito, pois, de todos os povos, os gregos eram aqueles que atribuíam maior importância à beleza, inevitavelmente a relacionando com a divindade.
Vejamos o que Homero diz sobre Ganímedes:
"De Tros provieram três filhos, de forma e intelecto perfeitos: Ilo, depois deste, Assáraco e, alfim, Ganímedes deiforme, que entre os mortais foi, sem dúvida, o herói de mais bela aparência. Os deuses a este raptaram, por causa de sua beleza, para que a Zeus de copeiro servisse e vivesse no Olimpo." ― ("Ilíada", Canto XX).
"O sábio Zeus, certamente, raptou Ganímedes de cabelos doirados pela sua beleza, para que ele estivesse entre os imortais e, no lar de Zeus, o vinho vertesse para os deuses; prodígio aos olhos, é honrado por todos os imortais quando tira o néctar vermelho da cratera dourada." ― ("Hino homérico à Afrodite").
Onde estão os sinais de homossexualidade nesse mito? Pois bem, nas fontes não há menção de uma relação carnal entre Zeus e Ganímedes.
Certamente os lacradores dirão que os sinais da homossexualidade são "ocultos" ou "simbólicos". Apesar disso, a realidade é que a mitologia grega é totalmente explícita no tocante a esses assuntos.
Ademais, se os gregos supostamente viviam em uma sociedade onde a homossexualidade era algo socialmente aceito, então, por que os autores de tais mitos esconderiam as histórias de pares homossexuais em simbolismos e ambiguidade?
"APOLO E JACINTO"
Na mitologia grega, Jacinto era um belo e forte príncipe espartano que o deus Apolo tutelava. Segundo Filóstrato, Apolo ensinou Jacinto a atirar com arco e flecha, a tocar lira, a sobreviver em florestas e montanhas, e a se destacar nas diversas disciplinas desportivas e ginásticas; seu papel de professor e iniciador é evidente, não só em relação a Jacinto, mas de toda Esparta, uma vez que Jacinto, por sua vez, transmitia o conhecimento adquirido do deus a seus compatriotas. Durante um treinamento, o deus e o rapaz estavam lançando disco. Em determinado momento, Apolo o lançou com muita força e Jacinto, para impressioná-lo, tentou pegá-lo, mas, ao cair do céu, o disco quicou no chão, acertando-o na cabeça e matando-o. Apolo, afligido, não permitiu que Hades reivindicasse a alma do rapaz e, com seu sangue, criou a flor de jacinto.
Existe alguma homossexualidade no mito? Existe alguma intervenção de Eros ou Cupido? Há qualquer coisa que sugira que entre Jacinto e Apolo exista algo além de um amor entre irmãos ou companheiros de treinamento? Depois de ler os escritos de autores que abordaram o mito de Jacinto, como Heródoto (Histórias), Pausânias (Descrição da Grécia), Luciano de Samósata (Diálogos dos deuses), Filóstrato (Imagens) e alguns outros, não se pode encontrar qualquer coisa que sugira amor erótico, somente uma profunda amizade entre professor e aluno.
Uma versão alternativa explica que Zéfiro, o vento do Oeste, desde o Taigeto (a montanha em que os espartanos praticavam sua eugenia) desviou o disco por ciúme de Jacinto. Sem embargo, mais uma vez, não encontramos conotações eróticas em nenhuma fonte, tal como as encontramos na relação entre Zéfiro e Íris. Ora, muitos amigos têm ciúmes de seus amigos, seja quando se sentem trocados por outros amigos, ou até quando seu amigo se casa e não mais pode acompanhar seus amigos solteiros nas farras e noitadas. Já na paixão de Zéfiro com a deusa Íris, o interesse sexual foi deixado claro, já que eles tiveram um filho chamado Potos.
Além disso, há muitos mais indícios de que os deuses gregos gostavam era de mulheres! Vou citá-los abaixo.
Zeus: Hera, Leto, Deméter, Dione, Éris, Maia, Métis, Mnemósine, Selene, Têmis, Europa, Alcmena, Dânae, Antíopa, Calisto, Carme, Egina, Elara, Electra, Eurínome, Himalia, Io, Lâmia, Laodâmia, Leda, Mera, Níobe, Olímpia, Pirra, Taigete, Tália, Iodama e muitas outras mais.
Ares: Afrodite (que deu à luz a Harmonia), Érope, Agraulos, Altea, Astíoque, Atalanta, Cirene, Crisa, Demonice, Ênio, Eos, Erítia, Estérope, Filómone, Reia Sílvia (a mãe de Rômulo e Remo, os fundadores de Roma), Otrera, Pelópia, Protogênia, Tritaia e outras mais.
Poseidon: Agámede, Álope, Amímone, Anfitrite, Arne, Astipaleia, Caliroe, Calquínia, Cânace, Celeno, Ceróesa, Clito, Cloris, Côrcira, Deméter, Etra, Euríale, Eurínome, Europa, Gaia, Hália, Hipótoe, Ifimédia, Líbia, Melia, Medusa, Melantéia, Mitilene, Peribeia, Quione, Salamina, Tiro, Teosa e outras mais.
Apolo: Acanta, Arsínoe, Cassandra, Calíope, Cirene, Corônis, Dafne, Dríope, Hécuba, Leucótoe, Manto, Psámata, Quíone, Reo, Sinope, Terpsícora, Urânia, dentre outras.
Hades: Perséfone, Minta e Leuce.
Hércules: Mégara, Ónfale, Dejanira, Íole, Mélite, Auge. Em um episódio, Hércules chega ao palácio do rei Téspio, que ficou tão impressionado com o porte do herói que ofereceu suas cinquenta filhas (os reis eram polígamos e tinham um harém de mulheres para gerar dezenas de crianças), as chamadas téspidas, para torná-las mulheres de Hércules (gerando filhos dele ― os heráclidas); Hércules dormiu com todas elas durante sua estadia para a caçada do Leão de Citerão. Segundo a tradição grega, os heráclidas estão associados aos dórios, que conquistaram grandes porções da Grécia destruindo as cidades aqueias, e os reis de Esparta e Macedônia remontam sua linhagem até algum heráclida.
Teseu: Perigune (filha do bandoleiro Sínis), Ariadne, Fedra (irmã de Ariadna), Antíopa (a amazona).
Perseu: Andrômeda.
Peleu: Tétis.
Aquiles: Briseis, Diomeda e um grande número de mulheres capturadas em populações devastadas por ele.
Ulisses: Penélope, Calipso, Circe, Calídice.
Agamenon: Clitenestra, Criseida, Cassandra e também Briseis.
"AIN, MAS ISSO NÃO SIGNIFICA QUE ELES NÃO TIVESSEM CASOS COM HOMENS TAMBÉM"
Legal, então basta mostrar onde, nas obras que tratam da mitologia grega, essas relações foram descritas. Por que a relação com as mulheres foi descrita, sendo nomeados até os filhos gerados por essas uniões? E sem suposições! É preciso descrições claras de comportamento homossexual.
"MAS E OS VASOS COM CENAS DE RELAÇÃO HOMOSSEXUAL?"
Decerto, há vasos de cerâmica da antiguidade grega que representam cenas claramente homossexuais. Isso não discutirei, apenas vou pontuar.
Foram encontrados dezenas de milhares de vasos (só na província de Ática temos mais de oitenta mil!), e, de todos eles, os vasos com um teor homoerótico claro são apenas trinta! No máximo. Estamos falando de cerca de 0,03% do total dos vasos encontrados. Eles não deveriam ser mais numerosos (se supostamente estamos falando de uma cultura onde a homossexualidade é comum)?
Assim, falar da "homossexualidade vigente na vida social ateniense" baseado nessa evidência diminuta seria o mesmo que alegar que nossa cultura é homossexual porque uma minoria das personalidades da mídia são homossexuais. Se esses sinais mínimos são uma prova de uma "civilização homossexual" (que nunca existiu), então, o que seria a nossa civilização, com "casamento homossexual" (algo que não existia na Grécia), "parada gay" e similares?
Enfim, como último ponto, deixo uma pergunta à você, meu caro leitor: Nossa sociedade inteira é homossexual porque existem mangás yaoi, pornôs gays, entre outras coisas com essa temática?
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